domingo, 14 de outubro de 2007

As Histórias que o Vento contou...

é uma peça teatral/audiovisual muito bacana que pula de ponto cultural pra ponto cultural da cidade. O espetáculo é feito em conjunto pela Orquestra Filarmônica Infanto-Juvenil de São Paulo, pelo grupo vocal Afina Goela, o Teatro de Sombras de Silvana Marcondes e cantores alunos de Martha Herr. Quem dirige? Daniel Cornejo.

Não conhece ninguém? Até o Google apanha deles, mas acredite em mim, o pessoal é bom. A apresentação que eu vi, no Sesc Ipiranga, contou com o simpático ator Paulo Barcellos, que fez um ótimo (e cínico) narrador e o pianista Ilso Muner (que eu podia jurar que errou uma nota ou duas, mas me juraram de pé junto que a música era assim). O texto e músicas, originais, são de Edmundo Villani Côrtes e o espetáculo já foi reconhecido pela sua qualidade pela Secretaria de Estado de Cultura do Estado.

Ok, currículo posto, como é o espetáculo? Um caixeiro-viajante conta a história do Vento a um grupo de crianças, que descobrem que aquelas "histórias" que todo mundo conhece, mas ninguém sabe de onde veio, é obra do vento que traz elas de outros lugares. Então diversas passagens são mostradas através do espetátulo audiovisual, que em vários momentos impressiona pelo sincronismo dos diversos grupos no palco.

Um dos grandes momentos, por exemplo, Fantasia sobre os Escravos de Jó, a garotada do Afina Goela brinca de escravos de jó no palco, para depois se juntar ao trio de (afinados) cantores, começando a música que a Orquestra iria continuar para acompanhar o Teatro de Sombras, terminando com o pianista solando a música da brincadeira, indo lá atrás onde os meninos começaram. É dificil colocar em palavras, mas é uma experiência sensorial realmente marcante.

Apesar disso, o espetáculo tem um pequeno problema: colocado como atração infantil, a história peca em mostrar um final "feliz" o que certamente não vai agradar muito as crianças, que esperam os papagaios no ar (não seriam "pipas", ou eu tô lendo Hosseini demais?) e o casalzinho de crianças juntos no final.

Alguém não fez a lição de casa da Jornada do Herói, quando escreveu a história. E não olhe pra mim, quem reclamou do final da peça foi minha filha.

Mas vale procurar onde eles vão se apresentar - como muitas outras peças, ela não tem patrocínio, sendo bancada pelos familiares dos músicos e das contribuições que recebem dos que assistem ou conhecem seu trabalho. E é um trabalho belo, não só pelo seu esforço, mas por sua execução também. Como quase tudo que é cultural no Brasil.

Paulo Autran ficaria orgulhoso deles.

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